Continuando com o especial do show em homenagem a Chester, feito pela revista Kerrang! Frank Zummo do Sum 41, Jonathan Davis do Korn, Takahiro Moriuchi do ONE OK ROCK, Ryan Key do Yellowcard, Machine Gun Kelly, M. Shadows do Avenged Sevenfold e Steve Aoki  concederam entrevista falando da influência de Linkin Park e de Chester em suas vida. Confiram a tradução.

Frank Zummo, SUM 41

“Eu conheci o Chester à uns 13 anos em um estacionamento do estádio do Dodger em Los Angeles, em um show de aniversário de 2 anos do Myspace. Foi um encontro tão legal, ele estava tão entusiasmado com o seu novo projeto, que acabou virando o Dead By Sunrise, pois o Linkin Park estava em uma pausa. Eu acabei esbarrando com ele em diferentes eventos em LA, e um dia ele viu a minha banda, Street Drums Corps, na rua e se apaixonou pelo que estávamos fazendo.
 
“Nós conversamos muito sobre fazer uma colaboração em algum momento, o que nos levou a fazer uma turnê com eles e ser parte da Projekt Revolution. Nós abrimos o palco principal e também fizemos parte da set do Linkin Park, foi incrível ser incluso e fazer parte de uma produção tão épica. Chester e eu nos aproximamos bastante, e o que todos falam sobre ele é verdade: ele era uma pessoa muito calorosa, que animava qualquer lugar que ele estivesse, e ele era muito verdadeiro nisso. Considerando que ele era um dos maiores cantores de todos os tempos, ele era uma pessoa muito humilde e doce.
 
“Apenas semanas antes dele falecer, nós estávamos juntos na Europa. Nossas bandas tocaram em um grande festival na Itália. Eu percebi que eles iriam tocar em uma arena em Amsterdam, e mesmo o Sum 41 estando em turnê à 9 semanas pela Europa, nós não iríamos tocar nessa cidade. Então eu falei com o Chester, e ele disse imediatamente ‘Eu amei isso, deixe-me falar com os caras’ e em segundos nós éramos parte daquele show. Essa acabou sendo a última vez que eu o vi, mas eu tive momentos tão incríveis com ele nesse show. Foi um dia muito especial, e havia muito amor no ar nesse dia.
 
“Quando eu encontrei os caras do Linkin Park para ensaiar para o show tributo eu disse a eles o que eu queria dizer ao Chester: Obrigado por tudo que você fez por mim, pela minha banda e pela minha família. Ser parte da sua família significou o mundo para mim.”
 
Jonathan Davis, KORN
“Eu lembro da primeira vez que ouvi One Step Closer – eu estava dirigindo e começou a tocar na rádio, e eu pensei, ‘Finalmente! Isso é bom!’ Eu amei o jeito que o Chester cantava. Eu sempre gostei da voz dele, o qual alta e poderosa ela era, e as suas melodias – ele fez ganchos muito bons, o que é uma arte. As suas letras atingiam fundo e era muito relacionáveis. Em nível de letra, Chester tocou em muitas coisas que as pessoas sentem, e quando você experimenta isso com uma música é libertador. Quando você está ajudando muitas pessoas, você as vezes pode esquecer de si mesmo. Você é tipo um super herói para crianças que estão sofrendo – nós somos supostos de ser uma prova viva de que as coisas vão ficar melhor. Deveria ter mais Chesters no mundo.
 
“Eu fiz algumas parcerias com ele. Quando eu escrevi aquelas músicas para o filme Queen Of The Damned [2002 – A Rainha dos Condenados], a minha gravadora não me deixou canta-las e disse que eu deveria usar um cantor da Warner Bros, então eu escolhi todos que eu queria. Chester foi para a minha música preferida [System]. Ele realmente fez a música dele. Ele apenas foi lá e arrasou.
 
“Eu e Chester também fizemos um cover de Head Like A Hole do Nine Inch Nails, que nunca foi liberado. Eu estava tendo problemas para cantar o verso, não soava certo para mim. Nós estávamos conversando sobre isso e eu falei, ‘Você viria até a minha casa fazer isso para mim?’ Ele apareceu e acabou ficando muito bom.
 
“Eu entendo depressão e tudo o que ele estava passando – sempre os que parecem mais felizes e doces são os que sofrem mais. É uma doença terrível que pode fazer as coisas ficarem intoleráveis. Quando eu soube o que aconteceu, eu fiquei sem palavras.
 
“Eu amo o seu sorriso. Eu sempre esperava vê-lo novamente. Se nós estávamos tocando em um mesmo festival, ele sempre dava um jeito de me encontrar, o que eu sempre apreciei. Chester foi uma jornada incrível de ser assistida. Eu amo esse cara.”
 
 
Takahiro Moriuchi, ONE OK ROCK
“Chester e eu nos conhecemos no Japão alguns anos atrás. Ele era um cara muito legal. Eu posso dizer pelo jeito que ele falava sobre a vida e música que ele era uma pessoa muito sensitiva. Mesmo tendo tido apenas essa chance de conhecer ele, eu sinto como se ele tivesse me ensinado muito como um artista e um ser humano.
 
“Eu era uma grande fã das músicas do Linkin Park antes de nos conhecermos. Quando eu tinha uns 13 ou 14, eu estava no cinema e vi um comercial com umas músicas. Tinha essa música que era um pouco pesada e também tinha rap, e então tinha essa voz muito bonita. Foi um choque para mim, parecia algo tão diferente de se ouvir – Eu achei que era bom pra caralho! Depois eu achei a música e descobri que era do Linkin Park. Mais tarde eu encontrei o Toru [Yamashita, guitarrista da ONE OK ROCK] e ele também amou Linkin Park, e a música deles nos deu motivo para ser parte de uma banda e fazer música. Chester foi um ícone para nós dois. A sua voz era louca. Ele era uma inspiração por muitos motivos.
 
“Nós deveríamos fazer uma turnê com o Linkin Park. Quando o nosso empresário nos contou sobre a turnê, eu fiquei tão animado – fazer uma turnê com o Linkin Park pelos Estados Unidos era um sonho virando realidade, mas eu também estava nervoso pelo quão importante a banda é para nós.
 
“Eu me senti vazio quando eu soube que Chester havia falecido; eu estava em um quarto de hotel no Canadá quando as notícias chegaram, e eu fiquei tão triste. Eu sou uma dessas pessoas que acha que tudo que acontece tem um motivo, então eu estou tentando encontrar um motivo do porquê tivemos que perder ele.
 
“Se eu for escutar alguma música do Linkin Park eu me lembro dele, então eu não vou querer ouvir alguma música muito triste deles, pois isso iria me deixar muito triste também. Eu vou querer ouvir algo como One Step Closer ou Somewhere I Belong, para celebrar o seu espírito e o cantor incrível que ele era.
 
 
Ryan Key – YELLOWCARD
“Em 2007 nós recebemos uma ligação dizendo que os caras do Linkin Park queriam saber se nós queríamos fazer uma turnê no Japão com eles – e obviamente nós dissemos sim! Nós nunca havíamos conhecido eles, mas eles sabiam o que o Yellowcard era e queriam a gente tocando junto com eles, o que foi um grande elogio. No primeiro dia da turnê nós fomos apresentados a banda toda, e eles foram muito amigáveis e calorosos.
 
“A coisa que eu mais me lembro sobre conhecer o Chester – e basicamente qualquer outro momento que eu vi ele depois disso – é que ele radiava. Não teve um dia que a banda não tenha passado no nosso camarim para ver como nós estávamos e se precisávamos de algo, e Chester era sempre o cara que aparecia na sala com um sorriso gigante no rosto. Encontrar um artista que você admira, e que é uma força tão grande na música e por exemplo – ele estando ou não consciente disso – fica com você. Se ele estava na sala ele era genuinamente feliz por estar ao redor daquelas pessoas ali, e isso foi verdade cada vez que eu encontrei com ele.
 
“Se eu tivesse tido a chance de conhecer ele melhor; eu teria amado isso. Eu permaneço admirado por alguém que carregava os demônios e a escuridão como ele fazia, e os vestia na manga, e ainda assim era capaz de sair e fazer muitas pessoas felizes todos os dias. Ele era incrível ao conectar centenas de pessoas, noite após noite. Você pode ver que ele queria ser parte de algo maior que ele.”
 
Machine Gun Kelly
Hybrid Theory foi um dos primeiros três CDs que eu tive na minha vida. Quando Papercut foi lançada com aquela batida – meu Deus! Imagine sair de ouvir músicas da trilha sonora de Greese [Nos Tempos da Brilhantina] para ouvir isso!
 
“A primeira vez que eu conheci Chester foi na Warped Tour em um show surpresa que eles estavam fazendo na Califórnia [em 2014]. Eu apareci para cantar Bleed It Out, e eu estava tentando ficar calmo e me comportar, mas meus amigos estavam na plateia e eles surtaram quando eu apareci.
 
“Uma interessante parte de Chester era a sua contradição entre o seu poder no palco e a sua modéstia fora dele. Ele não era tímido, porque ele sabia quem ele era, mas ele era muito gentil, legal e humilde. Em termos de talento como um músico, quando eu fui no seu funeral, um dos seus amigos, uma das primeiras pessoas a falar, colocou da melhor forma. Ele disse que nunca havia ouvido alguém gritar em harmonia antes de Chester, o que é verdade.
 
“Teve uma vez na Polônia que Chester brincou nos bastidores que toda vez que ele me via, mesmo se fosse mais de uma vez no mesmo dia, eu estaria usando uma roupa diferente. Ele estava falando em como iria melhorar o seu guarda-roupas para a próxima turnê. Naquele show, eu cantei Bleed It Out com eles, e eu estava tão intimidado quando estava cantando a minha parte, eu fiquei confuso se deveria ficar ou não, então eu sai do palco e perdi o final. Chester ficou olhando ao redor procurando por mim e disse ‘Mas que porra?’ Essa foi a última vez que vi ele…
 
“Chester me fez querer voltar a tirar foto com os fãs. Eu era contra todo esse aspecto da fama, eu sentia que algumas pessoas apenas queriam uma foto para poder dizer que conheceram alguém famoso. Depois da sua morte, eu vi a internet enlouquecer com todas essas fotos que fãs tinham com ele e eu percebi que são memórias que as pessoas apreciam. A forma com que ele se importava com as pessoas era inspirador.”
 
M. Shadows, AVENGED SEVENFOLD
“Eu encontrei com Chester apenas algumas vezes. A minha conexão com o Linkin Park vem pelo Mike e pelo Dave. Mike se tornou um grande amigo meu, então isso tudo tem sido muito estranho para mim, pois tem sido mais assistir um amigo passando pela mesma coisa que nós passamos com o The Rev [falecido baterista do Avenged]. Quando você perde alguém tão jovem que é parte integral da sua vida, faz com que você cresça muito rápido.
 
“Eu conheci Chester no Brasil, quando estávamos tocando no festival SWU. Ele pareceu tão doce, como se não tivesse um único osso ruim em seu corpo. Você pode captar essa vibe das pessoas. E, como vocalista, e performer ele era indiscutível.
 
“Eu lembro de assistir ele no Rock am Ring e Rock im Park, você pode conferir esses shows no YouTube – ele não se limita, ele atinge todas as notas. Ele tem tanto caráter e poder na sua voz mas ele consegue instantaneamente ir para uma música calma e cantar com tanta inflexão na sua voz. Ele era incrivelmente talentoso e obviamente naturalmente abençoado. Era inacreditável o quão bom cantor ele era.”
 
Steve Aoki
“Sete anos atrás eu entrei no camarim do Linkin Park e fui apresentado a toda a banda. Chester estava com o seu tapete de yoga e estava fazendo uma prancha – eu pensei pensei que ele era ainda mais legal por fazer pranchas no camarim! Na verdade eu posso dizer que o meu ritual pré-show foi imensamente inspirado por Chester naquela noite! Conhecer ele foi um sonho virando realidade – eu era um fanboy, e ele me fez sentir como um igual, e nós conversamos sobre malhar em geral.
 
“Antes de conhecer ele eu sempre imaginei isso como intimidador, um homem misteriosamente introspetivo, alguém que eu nunca iria conhecer. Então eu finalmente conheci ele, ele era agradável, humilde e um cara engraçado que era muito apaixonado pelo que estivesse na sua cabeça naquele momento. Ele sempre se comportou dessa maneira, desde o dia que nos conhecemos até virarmos amigos.
 
“Ele era incrível em estúdio, [Steve colaborou com o Linkin Park no álbum Recharged de 2013 e em outras músicas] eu literalmente ficava com os pelos do braço arrepiado e tinha calafrios percorrendo a minha coluna. Se você consegue imaginar o seu cantor preferido de todos os tempos cantando músicas produzidas por você com uma das suas bandas preferidas de todos os tempos, mas na vida real. Não precisava de muitas tentativas para atingir a enormidade da sua voz.
 
“Se Chester me ensinou uma coisa, é que a vida é preciosa, todos os momentos contam, toda conversa é importante. Compartilhe. Conecte. Ame.”