Recentemente Anna Shinoda, esposa de Mike, escreveu em seu blog a respeito da sua própria batalha contra a depressão. Traduzimos o seu texto para auxiliar aqueles que enfrentam os próprios demônios.

“Melhorando

Nunca falei muito publicamente sobre minha própria saúde mental. Eu acho que em entrevistas quando o livro Learning Not to Drown saiu, talvez eu tenha falado brevemente sobre estar em terapia, mas nunca entrei em detalhes. Eu sou muito aberta com os meus amigos sobre isso, mas sempre tive medo de ser julgada publicamente por ter o meu cérebro. Eu aplaudi Chester (especialmente nos últimos meses antes da morte) por ser tão aberto nas entrevistas. Eu estava orgulhosa dele por ser corajoso. Eu sabia que ao descrever a forma como seu cérebro funcionava, Chester ajudaria os outros a superar o estigma da saúde mental e do vício.

Eu acredito que agora seja a minha vez de me abrir.

Como alguém que lida diariamente com depressão e ansiedade, eu sei o quão importante é reconhecer a maneira como meu cérebro funciona e as coisas que me ajudam. Pessoalmente, a terapia tem sido a melhor coisa para o meu cérebro – especificamente as terapias EMDR e cognitiva. Eu tenho a mesma psicóloga há 14 anos. Houve momentos em que eu precisei dela cinco dias por semana, e vezes que eu a via uma vez a cada poucos meses.

Para algumas pessoas, a medicação será o que funciona melhor. Por um ano da minha vida, eu estive sob medicação para ajudar a diminuir minha ansiedade até um ponto em que eu pudesse realmente passar pelas sessões de terapia e permitir que meu cérebro começasse a fazer novas e saudáveis conexões. Algumas pessoas podem precisar de medicação por um curto período de tempo, algumas podem precisar disso para toda a vida. Depende do cérebro do indivíduo e de como ele funciona.

Para algumas pessoas, as terapias alternativas podem funcionar melhor.

Para algumas pessoas, os livros são úteis.

Para algumas pessoas, grupos de suporte são o que funciona melhor (eu recomendo Al-Anon ou AA / NA para pessoas que lidam com o vício – é grátis, oferece terapia em grupo e uma comunidade de suporte).

Para a maioria das pessoas, será preciso tentar diferentes opções e talvez até misturar várias delas.

Minha cura inicial levou vários ANOS – uma parte foi incrivelmente dolorosa, mas estou tão feliz por ter persistido com isso. A Anna que eu sou hoje em dia me parece verdadeira. Eu não sinto falta dos mergulhos depressivos, ou as rajadas de raiva que poderiam ocupar o meu dia inteiro. Não sinto falta de ter medo das emoções. Não sinto falta de me sentir fora de controle. Agora eu sei que a fórmula para o meu cérebro permanecer saudável envolve exercício, vitamina D, escritas e desenho espontâneos, conversas com amigos confiáveis, às vezes acupuntura, visitas a minha terapeuta se eu começar a escorregar e consultas mensais com ela para que possamos reconhecer cedo os sinais de quando eu possa precisar de um pouco mais de ajuda.

Aqui é que complica: cuidar da saúde mental pode ser embaraçoso (precisamos mudar isso – e isso é algo que todos podem contribuir), pode ser caro (outra coisa que precisamos mudar – isso pode levar a aprovações de leis) e pode levar mais do que uma tentativa de encontrar o terapeuta / psicólogo ou psiquiatra certo para você. É preciso trabalhar com isso, e um cérebro doente pode não querer que você trabalhe. Um cérebro doente pode não querer lidar com planos de saúde ou encontrar recursos gratuitos. Um cérebro doente pode lhe dizer que nada irá funcionar para você.

Se você precisa de ajuda, por favor, vá atrás dela, e tente novamente, tente com frequência se a primeira tentativa de tratamento mental não parece funcionar.

Chester trabalhou duro. Ele trabalhou duro para ficar sóbrio. Ele trabalhou duro para ser feliz. Estou eternamente grata pelos anos que nos foram dados por causa do esforço que ele colocou nisso. Nunca saberemos o que estava acontecendo nos seus últimos momentos, mas sabemos que a única coisa que podemos culpar é a doença: o vício e a doença mental.

Como uma pessoa que está sentindo uma terrível dor pela perda de um dos meus melhores amigos por causa de doenças mentais, posso garantir que você é importante e necessário neste mundo. E você merece ter uma mente saudável.

Encontre um caminho que funcione para o seu cérebro. Dedique-se a trabalhar para a saúde mental. Provavelmente, não será uma viagem curta, mas uma jornada contínua. Não tem problema. O importante é que você está na jornada e se esforçando, trabalhando um momento por vez. Podem ocorrer deslizamentos. Não é nada para se envergonhar. Admita e volte para o caminho. Aceite ajuda. Tenha compaixão consigo mesmo.

Uma coisa que todos nós podemos fazer para ajudar a acabar com o estigma em torno da doença mental e suicídio é olhar para as nossas próprias palavras. As palavras são importantes. Quando dizemos “morreu por suicídio” em vez de “cometeu suicídio”, nós focamos na doença ao invés de culpar os sobreviventes ou o falecido.

A resposta a pergunta “por que alguém morreu por suicídio?” É sempre “doença mental”. Esse é o motivo. E se começarmos assim, poderemos avançar, não só para evitar mais suicídios, mas para ajudar mais pessoas a encontrarem a saúde mental”.

Se você precisa de ajuda, o CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atende voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone (pelo número 141), email, chat e voip 24 horas todos os dias.