Integrantes do Linkin Park e Daron Malakian do System Of A Down deram uma entrevista para a The L.A. Times falando sobre como os fãs iriam aceitar o novo álbum da banda, The Hunting Party, visando que o som deles mudou em comparação ao seus dois álbuns anteriores. Confira a entrevista traduzida abaixo.

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Linkin Park gritando novamente com ‘The Hunting Party’

Antes do mais recente álbum do Linkin Park nascer, um álbum diferente do Linkin Park morreu.

Não aconteceu muito tempo depois que Mike Shinoda, o gênio criativo da banda de Los Angeles, começou a construir músicas para o sucessor do álbum de 2012, “Living Things”. Como esse álbum, a nova música era pensativa, melódica, cheia de texturas eletrônicas detalhadas – em continuação, basicamente, com o som de muitos jovens de rock alternativo que o Linkin Park uma vez inspirou.

“E houve um dia em que eu ouvi isso e pensei, ‘Meu Deus,’ ” Shinoda ligou recentemente. “Eu gosto de ouvir esse tipo de música, mas existe muito disso por aí afora, e eu não quero me perder nesse oceano.”

Ele estava sentado em um estúdio de gravação em North Hollywood e bateu na mesa de mixagem para dar ênfase. “Enquanto isso, há essa outra coisa que eu quero, e não está sendo alimentada por qualquer um. Então é isso que eu preciso fazer.”

Shinoda, um dos vocalistas do grupo, juntamente com Chester Bennington, prontamente desfez das demos que ele estava trabalhando e começou de novo, canalizando as influências que ele não tinha encontrado desde os primeiros dias do Linkin Park: Helmet, Minor Threat, a banda punk sueca Refused. Ele decidiu gravar a fita, em vez de usar o software digital e concentrou-se em performances ao invés da edição de pós-produção.

“Eu disse aos caras da banda: ‘Precisamos eliminar qualquer coisa que não sentimos ser direta e visceral”, disse Shinoda. “Este álbum teve que ser cru como o inferno.”

O resultado, lançado na Terça, é “The Hunting Party,” o sexto álbum de estúdio do Linkin Park e seu mais agressivo nos últimos anos, com guitarras confusas, ritmos alucinantes tanto de gritar como de cantar.

Produzido por Shinoda e o guitarrista Brad Delson (após longa passagem da banda com Rick Rubin), ele marca uma inesperada – e possivelmente arriscada – mudança para um grupo cujo início de sucessos fez tanto quanto qualquer outro abrir o caminho para Imagine Dragons e Bastille, para citar dois herdeiros que tiveram sucesso comercial com uma versão mais suave e sintetizada do rock do Linkin Park.

“Eles estavam somente dispostos em fazer algo pesado novamente,” disse Daron Malakian do System of a Down, que co-escreveu e tocou guitarra em “Rebellion.” (Outras participações no álbum incluem Tom Morello do Rage Against the Machine e Page Hamilton do Helmet.)

“Por algumas gravações eles fizeram algo diferente,” Malakian disse referindo-se ao “Living Things” e seu predecessor de 2010, “A Thousand Suns”. “Mas eu acho que eles estavam tentando fazer algo que se relacionasse com o público mais difícil que foi a sua primeira base de fãs do início de carreira.”

Essa base de fãs — que impulsionou as vendas de estréia do álbum de 2000, “Hybrid Theory”, para vendas de mais de 10 milhões de cópias – tem sido negligenciado nos últimos tempos, de acordo com Bennington.

“Vemos um vazio,” o vocalista disse, em que os ouvintes estão sendo inundados com “rock seguro vendido como música alternativa irritante.” Como exemplo, Bennington cantou o riff agudo e acústico de guitarra da música do Imagine Dragons, “It’s Time.”

Onde está a ousadia nisso? ele perguntou, embora utilizou uma palavra impublicável da parte da anatomia masculina.

Não há nenhum desacordo com a observação de Bennington sobre um vazio: o Hard rock nunca foi menos relevante para a maioria das conversas musicais do que é agora, com apenas um punhado de bandas — Queens of the Stone Age, Tool, Foo Fighters — fazendo discos que atraem até mesmo uma fração da atenção que Beyonce e Luke Bryan tem.

No entanto, o retorno do Linkin Park para um som mais vigoroso também pode ter sido motivado pelo reconhecimento de que ele estavam começando a amolecer. Os últimos dois álbuns da banda venderam muito menos cópias do que seus primeiros álbuns, enquanto “Living Things”, em particular, parecia não ter a energia que é utilizada para definir a sua música.

Shinoda reconheceu que o trabalho recente do grupo podem não estar entre o seu melhor.

“‘Living Things’ era um equilíbrio muito cuidadoso de elementos sonoros,” ele disse, referindo aos traços de pop e música dance. “Mas olhando para trás, eu diria que, se tivesse ido mais longe nessa direção eu teria me chateado.”

Ainda, Shinoda insiste que “The Hunting Party” não é um produto de tino comercial — tentativa da banda de explorar um mercado menor — mas de sua determinação em seguir um impulso criativo. Na verdade, ele descreveu a administração da consultoria do Linkin Park para o aconselhamento sobre a viabilidade comercial de um álbum de rock agressivo em 2014 e disse que foi dito a ele que era quase uma certeza.

“Estou ansiosa para ver como o álbum se comportará em sua primeira semana,” disse Lisa Worden, diretora musical na estação de rock de L.A., KROQ-FM (106.7). “Eu acho que os nossos ouvintes do sexo masculino irão gostar, mas é um pouco cedo para eu saber realmente o que temos.”

Como qualquer grande gravadora com um projeto de grande orçamento para vender, o Linkin Park não está deixando a recepção do álbum ao acaso.

Na terça-feira a banda fez um show patrocinado para a KROQ, transmitido online, chamado de Red Bull Sound Space em Culver City. Na noite seguinte, eles fizeram mais um, desta vez para a transmissão na rádio aberta no iHeartRadio Theater. E está definida uma turnê na América do Norte este ano com Thirty Seconds to Mars.

Mas como as vendas do álbum estão indo é menos importante do que o que ele representa, disse Shinoda.

“Há, definitivamente, pessoas que pensam que o Linkin Park não é legal,” ele disse sorrindo. “Mas eu sempre achei que está OK – se não incríveis – de estar do lado de fora das coisas. E fazendo um álbum como este agora, eu acho que eu estou atrás disso.”

Fonte: The L.A. Times