Linkin Park divulgou em suas redes sociais que The Hunting Party, o próximo álbum de estúdio da banda, será lançado em 17 de Junho de 2014 e divulga a capa dele. Nessa entrevista com a Noisey ele fala bastante sobre o atual cenário da música rock, processos de gravações de álbum e como foi trabalhar com Rakim. Nossa equipe traduziu esse artigo e se a leitura ficar muito difícil nos perdoem pois tentamos deixar de uma maneira que todos possam entender. Confira a entrevista traduzida abaixo:
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LINKIN PARK: A BUSCA DA BATIDA PERFEITA
Acima está a capa do próximo álbum do Linkin Park, The Hunting Party, previsto para sair em 17 de Junho. Essa é a primeira vez que ela é vista pelo público. Linkin Park nos escolheu para compartilhar sua arte do
álbum com o mundo porque nós somos mais legais que vocês.
Há um momento em que o novo single do Linkin Park, “Guilty All the Same”, em algum lugar do tempo, as guitarras no estilo de Kirk Hammett abrandam e a bateria de Rob Bourdon e o baixo de Dave Farrell se juntam em uma sintonia e Rakim e o seu Rap desce do Monte Olimpo para cuspir 24 frases de pura fúria, e que você tem que concordar, “Puta merda. Esta é uma música foda”.
Bem, eu tenho um segredo para todos vocês descolados com seus arquivos no SoundCloud e Abletons cheios de metal feito por “cinco educadinhos de Ridgewood” (referencia a Radiohead), e que o segredo é que o Linkin Park é legitimamente a maior banda do mundo, eles têm uma surpreendente quantidade de 62 milhões de fãs no Facebook – e eles estão ousando, lotando estádios por uma boa parte de uma década. Com seu novo álbum, The Hunting Party, marcado para lançar em 17 de Junho, Linkin Park largou os eletrônicos de seus dois álbuns anteriores e se dedicaram a fazer rock and roll. Resumindo, eles encontraram as suas bolas, e eles estão pegando e as jogando contra a parede. Partes do som do álbum parece como a Bay Area vintage enquanto outros pedaços soam como Helmet, até o ponto onde eles realmente tem o cara do Helmet para cantar na música “All for Nothing”. O álbum parece excelente, como o tipo de coisa que só uma banda de rock gigantesca poderia realmente fazer, porque eles realmente têm a mão de obra, recursos e habilidades para fazê-lo soar grande. É o som de uma banda que tem algo a provar, e te dar um soco, se você se recusar a ouvi-lo.
Quando eu encontrei Mike Shinoda no escritório de sua gravadora, entretanto, ele estava mais nada do que preparado pra me dar um soco. Aos 37 anos e vestido com uma camisa Chambray e tênis sutilmente caros, ele não parecia como o arquiteto de uma das bandas mais populares de rock dos últimos 15 anos e sim como um pai legal. Isso é em partes, porque ele é de fato um pai, e sendo um astro do rock, ele é ainda mais legal. Mais que isso, ele é pensativo sobre o lugar de sua banda na cultura – Linkin Park é uma onipresença que paira sobre nós, para nunca mais morrer. Com essa estase vem a liberdade, e para o seu crédito, o Linkin Park conseguiu fazer muito bem o que diabos eles querem e permanecer tão popular como nunca. Desde 2003 do Meteora, eles deixaram seu legado nos álbuns — isso seria o Minutes to Midnight com produção do Rick Rubin seu clássico – o ágil A Thousand Suns, que com sua eletrônica e temas apocalípticos parece mais Radiohead — e em 2012 ofereceu Living Things, que consegue soar como todas as músicas de uma só vez.
Ao longo de uma hora, Mike e eu conversamos sobre o estado da música rock popular, que é como ela é chamada em um verso do Rakim, e como lidar com o fato de que um dia, você pode acordar e perceber que você é um astro do rock e alguns de seus fãs são idiotas que você tem que aprender a amar.
Noisey: As músicas não têm nomes ainda?
Mike Shinoda: Nomear é difícil para nós, especialmente títulos de álbuns. Esse foi mais fácil do que muitos deles; pedimos uma segunda opinião e argumentamos sobre ele. Nós nunca chegamos a um título de álbum antes do álbum.
É difícil colocar uma coisa abstrata como álbum, em três palavras.
Temos conceitos por trás do álbum, mas muitas vezes eles têm múltiplos significados. O título mais fácil de álbum foi A Thousand Suns, que vinham de uma citação de Oppenheimer. Ele disse isso depois que eles detonaram a bomba, e isso é uma espécie do que o álbum seria.
Conte sobre Rakim.
Não houve atalhos. Quando ele escreveu a música, ele me disse que ia levar algum tempo; demorou uma semana e meia. Em um certo momento, ele disse, “Eu consegui 16 frases, mas eu quero mais. Podemos ter 24?” E ele dirigiu — ele não usou avião — da Costa Leste para L.A., iria fazer alguns shows no caminho, cancelou-os, e então basicamente veio e gravou a música. Ele ainda estava escrevendo sobre a música no fim de semana anterior a que ele chegou, e ainda a editou no papel. Não está em seu telefone, nem em seu laptop, ele estava sentado à mesa de jantar do estúdio lá fora ainda trabalhando.
Você sente que aprendeu alguma coisa com ele?
Toda vez que nós estamos no estúdio com alguém, eu tento ver o que posso aprender com eles. O que eu aprendi com o seu estilo era apreciar a diferença entre a escrita em uma forma livre – maneira semelhante como Jay Z e Kanye que fazem freestyle no microfone — e o oposto é o do Rakim. Ele gasta muito tempo aprimorando o verso. Seu verso é quase ao equivalente de um solo de guitarra, como você ouvisse e não pudesse identificar as notas porque são muito boas. Quando você lê as palavras você consegue seguir e ver como a rima padrão foi construída. Ela é constantemente conectada e separada e reconectada. Essa foi a forma de despertar – a forma de escrever é totalmente atemporal. Mesmo que seja um pouco complexo e um pouco demais para as pessoas no pop moderno de digerir, quando você ouvi-lo bem isso ainda ressoa. Há pessoas que fazem coisas complexas e isso não te acerta, porque eles estão fazendo isso apenas por uma questão de ser complexa. Mas os versos de Rakim é sobre atingir uma conexão emocional.
Você ainda tem o papel que ele escreveu a música?
Ele levou consigo. Nós não conseguimos tirar uma foto disso. Ele pegou, colocou em sua jaqueta e foi embora. Eu acho que isso faz parte de sua rotina; como se ele nunca deixaria isso por aí. Ele provavelmente tem uma pasta disso, ou imediatamente foi para casa e queimou o papel.
O que você pensa sobre o estado atual da música rock?
Existe muita coisa aí fora; tem muita coisa que soa como Haim ou CHVRCHES ou Vampire Weekend que estou cansado. A questão é que eu estou com vontade mas não para isso. Eu ligo na estação de rock em L.A. e isso parece como comercial musical da Disney. E fico confuso com isso. Os caras do Foster the People são literalmente compositores de jingles. Sem desrespeitar, mas para mim fazer essas coisas está fora de questão. Eu recuei e disse, “Qual é a coisa que eu quero ouvir que ninguém mais está fazendo, e qual a coisa que nós somos únicos em fazer?” Nós pegamos nossas demos antigas, e eu conversei com os caras e basicamente os pedi para lembrar de seus 15 anos. Não para fazer músicas de 15 anos — existe muita gente por aí que fazem música para serem populares com adolescentes, mas isso não é o que estamos fazendo. Eu contei para o Brad, nosso guitarrista, “Se a criança que você era quando tinha 15 anos ouvisse o que fazemos hoje, ela estaria orgulhosa de você? Ou ele diria, ‘Esse cara é muito fraquinho.’?” Porque ele estaria ouvindo Metallica e coisas pesadas nesse momento. Eu disse, “Escreva uma música que faria essa criança tocar guitarra.” Então é isso que acabamos fazendo. Nós queria impressionar o nosso interior adolescente. Quando eu tava nessa idade eu ouvia Public Enemy e N.W.A. e Rakim. E quando eu entrei no rock, era Metallica e Alice in Chains. A coisa do Nu-Metal e o rock alternativo foi gerado a partir de pessoas aprendendo com essas bandas, mas essas bandas nunca fizeram rock para rádio.
Se você tivesse me feito essa pergunta cinco anos atrás, eu estava obcecado com indie rock. Muitos dos artistas estavam vindo de um lugar que era, “esse é meu cenário, e essa é minha música, e isso é o porque eu estou fazendo isso.” Mas agora isso se tornou pop. Não é independente, é gravadora grande.
Eu sinto que “indie” se tornou um termo de estética mais do que normal.
É estúpido. É muito idiota. É a mesma coisa quando o “alternativo” aconteceu. Um alternativo para o que? Isso se tornou pop. A alternativa para o alternativo era nu-metal. Que, de novo, se tornou idiota. Todos esses cenários… Eu não sei, cara. Não só se torna um ponto em que as pessoas estão jogando mímica, e isso só desvaloriza toda a cena. Isso ficou estranho.
Para mim, Linkin Park sempre existiu como um exemplo do que é uma banda mainstream de rock e o que ela possa fazer.
Isso é muito bom, muito obrigado. Espero que você não esteja dizendo isso só porque você sabe que é o que eu queria ouvir.
Honestamente, eu pensei que você ia ficar bravo comigo por dizer que era mainstream. As pessoas são estranhas sobre isso.
Nós estamos em paz com o fato que não estamos indo para os países e fazer shows e a pessoas virem, mas também com o fato de como somos vistos. Eu teria lutado no início, quando estávamos ficando maiores, como “Não, eu não quero ser visto como um grupo popular, foda-se isso.” Mas eu acho que existe uma diferença entre ser acessível e ser mainstream e ser pop ou qualquer outra coisa que podem chamar. É mais sobre intenção, se você está falando sobre a estética ou como você expõe algo ou o que seu vídeo possa parecer ou o que seja. Nosso limite para tentar empurrá-lo e fazer algo que é interessante para nós e também desafiando os fãs é bastante elevado. Dois álbuns atrás quando lançamos A Thousand Suns, nós sabíamos que ele seria um álbum que dividiria opiniões. Antes que deixássemos qualquer um ouvir, pensávamos, “Porra, nós estamos com 100% de certeza que nós queremos afastar nossos fãs?” Porque algumas pessoas falariam “É isso, ouvi isso, foda-se essa banda, eles não estão mais fazendo música pra mim porque tudo que eu queria ouvir são guitarras pesadas e não tem guitarra nesse álbum. Eles estão cantando sobre os problemas do mundo e existe um monte de bips eletrônicos, foda-se eles.”
Eu ouvi uma citação do Nas nessa época. Ele disse que de vez em quando ele gosta de fazer um projeto para sacudir seus fãs pop. Para intencionalmente se livrar deles. Se você é um ouvinte casual do Nas, ele vai deixar você saber em um determinado ponto que você não é bem-vindo ao seu partido (ou a sua festa, depende como você interpretar isso). Eu amei isso, eu pensei que era tão legal.
Essa é uma boa maneira de pensar em operar na esfera da popularidade.
E só música moderna.
Quantas pessoas já ouviram esse disco até agora?
Ele inteiro? Não muitas. Agora nosso empresário está viajando por aí com cinco músicas tocando para jornalistas e nossa gravadora, porque ele precisam saber o que está por vir. O álbum sairá esse semestre, e nós precisamos que todos saibam que nós estamos trabalhando nisso. O que significa dizer que alguns deles vai ser um pouco mais desafiador. Isso vai ser difícil de vender para a rádio rock, eu sabia que seria. Rádios são muito poderosas para a venda de álbuns – no final do dia, eu sou um artista, mas eu também não sou estúpido e eu sei que sou capaz de manter esta dinâmica desta coisa que faremos, temos de realizar até certo ponto.
Eu acho que essa é a melhor estratégia.
A maneira como tratamos é esta, “Nós vivemos e respiramos isso. Se isto falhar, vocês vão para casa e arrumem seus empregos, mas não o faremos.” Nós também vamos para os nossos fãs e tentamos levá-los a ver o nosso ponto de vista. Neste disco o nosso primeiro single é agressivo, são seis minutos de duração, e a rádio não vai tocar nada mais três minutos e meio. Rádio pop não vai tocar nada mais de três minutos, e eles também não vão tocar qualquer coisa com guitarras agressivas, eles definitivamente não vão tocar qualquer coisa com gritos nele. Existem muitas regras. E ao menos que você seja uma Rihanna ou Nicki Minaj ou Lady Gaga, eles não vão tocar nada que seja uma fria – eles precisam que seja um sucesso em outros lugares. Eles somente irão para o time vencedor. E a minha perspectiva, eu não consigo viver nesse mundo. É um negócio, fazer o que tenho que fazer, mas esse mundo é muito estranho para mim. Quando eu faço uma música eu não faço matemática. Eu acho que essa é a ideia que eu estou tentando passar, como faço para aprender a ser um escritor melhor, melhor produtor, qualquer que seja.
Como você compete contra essas fábricas de músicas pop?
Cara, é doido lá fora. O que funcionou para nós no passado é ficar com as nossas armas tanto quanto o que a nossa visão criativa é, gastar muito tempo com isso, e realmente criá-la. Nesse álbum nós passamos seis meses no estúdio, provavelmente mais seis deles, somente com demos e tentando trabalhar com elas. Em contraste disso, existe um artista pop que eu não vou citar que estava no estúdio enquanto estávamos gravando – eles acabaram em três dias. No primeiro dia eles ficaram 30 minutos, no segundo dia foram 15 e no terceiro eles não apareceram. A música estava pronta.
Como foi quando tocou pela primeira vez?
Quando nós ouvimos a primeira vez na rádio, esse foi O Momento. Quando você ouve sua música na estação de rádio da cidade onde você nasceu. Para nosso vocalista Chester, foi no Arizona. Nós estávamos em nossa primeira turnê em um RV alugado. Eu estava dirigindo, e nós chegamos à casa de seus pais quando estávamos ouvindo o rádio. O DJ deu esse lengalenga sobre esse garoto da cidade natal, que sua canção acaba de sair, e nós estávamos PIRANDO. Chester correu para sua casa gritando, “Pai! Ligue o rádio!” Estávamos no carro pulando e comemorando. Alguns dias depois estávamos de volta em Los Angeles e aconteceu a mesma coisa para a estação de rádio da minha cidade natal. Esse cara Stryker estava na rádio por um ano ou dois, e tocou a música em seu novo bloco de música no meio do dia. Eu descobri que ele escolheu. Eu estava no banheiro do meu apartamento, de dois quartos que eu compartilhei com dois outros caras, manchas de cerveja e merda em todos os lugares.
Alguém dormia no sofá?
Foi literalmente dois caras em um quarto e eu no outro quarto. Eu pagava um pouco mais então fiquei com um quarto só pra mim. Eram $800 para o apartamento. Nós não vivíamos bem. Mas houve um momento em que eu vou falar, talvez de seis a doze meses depois, eu me lembro de estar em um dos nossos shows. Nós fomos a atração principal de um local para 1.200 pessoas, e eu me lembro de olhar para a platéia e perceber, “Oh merda, algumas das pessoas que estão ouvindo essa música agora são meio idiotas”. Não para humilhar nossos fãs, porque eu amo os nossos fãs, mas eu vi algumas pessoas no meio da multidão que eu sabia que nunca poderia sair com elas. Eu não sabia o que aquilo significava, mas eu sabia. Nós tínhamos obtido mais do que as pessoas que gostam de mim. Foi um momento de, o que você faz? Você apenas vai lá? Como você se comunica com esta nova base de fãs? Nós tentamos ser muito responsáveis sobre isso, sempre deixar os fãs que temos há muito tempo saberem que ainda temos aquela dedicação, que estavam ali pela primeira vez. Mas também queremos que os fãs casuais saibam que não é ruim ser um fã casual.
Fonte: Noisey