The Big Issue postou em seu site um texto de Mike Shinoda, que foi eleito pela revista para escrever uma coluna de artigos para eles. Confira esse texto traduzido abaixo (e se ficar meio confuso não se preocupe):
Mike Shinoda, vocalista do Linkin Park e correspondente da The Big Issue, diz que a internet é uma “briga de cães” política que nós precisamos
Quando a The Big Issue me perguntou para escrever como seu correspondente americano das eleições presidenciais nesse ano, eu sabia que era uma ideia terrível. Escrever uma coluna seria uma maneira fácil de eu entrar em confusão, porque a) existem várias pessoas que devotam muito tempo a política e b) como um membro do Linkin Park, eu tenho muito a perder mergulhando em comentários de eventos políticos.
Desde que eu sou atraído por idéias terríveis e riscos, eu pulei nessa oportunidade. O negócio é o seguinte: para muitos, a eleição presidencial dos EUA é um tempo de limpeza virtual para as mídias sociais. Por mais que eu entre no Facebook ou Twitter, minhas timelines ocasionalmente podem parecer um campo minado social. É no meio de um dia de trabalho, e eu casualmente apareço online para ver o que os meus amigos estão fazendo… então BANG: essa pessoa aparece para ofender, irritar ou me chatear com algum tipo de explosão insana sobre armas, gays, dinheiro ou religião, e como eles todos atrapalham para a grande tragédia que o mundo é ou irá ser. Argh.
Para praticamente todos nós, esses sermões nas mídias sociais aparecem regularmente durante todo o ano – mas na temporada de eleições é o momento mais tentador para nossa mídia social pregar sobre isso. A cada bomba de lixo político, ele desenha uma linha na areia, declarando: ‘Eu irei postar descaradamente links rápidos de exageradas campanhas eleitorais até o fim dos meus dias, e não há nada que você possa fazer para me impedir!’ Unfollow!
Mas então novamente, por mais que deteste essa praga, ele obviamente não me impedirá de usar redes sociais. Eu nem penso em todas as coisas boas dos sites como Twitter, Facebook e Tumblr são, porque esses sites são tão bem tecidos na vida cotidiana, que eu nem sei porque estou usando eles mais.
Eu sempre sei exatamente o que meus amigos e familiares estão fazendo, eu pego notícias no mesmo segundo e eu estou atento em quais filmes e músicas valem a pena conferir – e quais eu deveria evitar.
Anos atrás eu era diferente. Na música, nós escutavamos um incrivel single novo e comprava o album somente por se abainar por quão ruim era. Cinemas explodiam de propagandas pegajosas e que seria uma semana ou mais que sairia algo falando que o filme era uma bosta – enquanto isso, eu e todos que eu conhecia já o tinha visto.
Hoje, pessoas nem sequer se levantam para deixar o cinema antes que está digitando uma mensagem que diz a todos exatamente o que eles pensam de um filme (‘Alô para quem tenha feito The Possession, valeu por me fazer gastar $13 no pior filme de TODOOS OS TEMPOS. #cademeureembolso’).
Mas como isso evolui e me ajuda a tomar decisões mais inteligentes, a própria internet está ficando mais inteligente. Focalização comportamental e publicidade inteligente – como Google Adsense – estão me cercando como que ele sabe que estou procurando: mais do que eu gosto. Mas isso poderia significar que está me cercando com mais de como sou?
Cerca de seis meses atrás, eu estava procurando piscinas comuns na internet quando eu fui avisado por uma propaganda na direita da tela, que anunciava uma parte de uma música que eu possuía. Isso me prendeu atenção porque a) o site é um dos mais populares na língua inglesa e b) a parte da música sendo anunciada era um produto de nicho, definitivamente não é algo que muitas pessoastem interesse ou potenciamente se preocupam.
Por um momento pensei: ‘Que bizarro – por que que a empresa gasta o dinheiro que seria necessário para obter o seu anúncio na primeira página deste site?’ Mas então percebi: eles não gastaram. A propaganda foi colocada baseada no meu comportamento: desde que eu visitei sites para procurar música, eu tive essa propaganda. Meu amigo Mark, um grande fã de esportes, pode ter clicado na mesma página e ganhar uma propaganda de ingressos de beisebol ou tênis novos.
Por um lado, eu gosto da ideia das propagandas aparecerem de acordo com meu gosto – eu prefiro olhar para as coisas que eu gosto do que coisas que eu não gosto. Por outro lado, o que acontece quando a publicidade que me cerca sã limitadas a uma versão do que eu realmente vejo ou ‘gostei’?
Se tudo é voltado para corresponder meus interesses, não significa que eu estou perdendo um monte de coisas fora dos limites do meu “sistema de gosto’?
Voltando para a eleição. Numa versão “inteligente” de realidade, talvez eu li algo– como um ‘O PASSADO ESCANDALOSO DE MITT ROMNEY COM A BAIN CAPITAL” ou “PLANOS DE BARACK OBAMA PARA UM SOCIALISTA SISTEMA DE SAÚDE’. Nessa página e muitos lugares que vou, eu estou cercado por links para mais dessas coisas.
Como a internet começa a me conhecer melhor, eu estou em perigo de perder a perspectiva ganha por opor opiniões ou crenças? Se tudo que eu li somente mostra uma versão do mundo, eu irei começar a acreditar que não existem outras versões? E o mais assustador de tudo: isso já está acontecendo?
Talvez isso seja o chato, os “idiotas” em nossas redes sociais podem nos ajudar. Eles podem nos deixar loucos as vezes, mas eles podem também fornecer algo que de outra forma poderiamos perder: perspectiva. Em outras palavras: é melhor saber o que os idiotas estão pensando do que não conhecer idiota nenhum.
Mike Shinoda é compositor e membro fundador do Linkin Park. Siga @mikeshinoda. Leia mais em mikeshinoda.com. Mike irá retornar em algumas semanas.
Fonte: The Big Issue
Gabriel Alexandre
set 30, 2012 -
Sempre me perguntei isso. Embora seja cômodo, me parece que estamos menos expostos a pluralidade de gostos :/