Chester Bennington foi entrevistado pela M Music & Musicians Magazine sobre o processo criativo da banda no novo álbum LIVING THINGS do Linkin Park. Não há muitas informações a acrescentar nessa entrevista do que já ouvimos e lemos sobre o álbum, mas sempre é bom acompanhar o que os próprios artistas falam sobre suas criações. Confira o post traduzido abaixo.

Os enérgicos pesos pesados finalmente descobriram o mix perfeito entre rock e rap

Linkin Park está em alta. Depois de lançar álbuns esporadicamente por mais de uma década, os rap-rockers de Los Angeles já pegaram o ritmo mais uma vez desde 2010, incluindo Living Things, seu último. “Nós queremos fazer mais músicas, mais frequentemente,” diz o vocalista Chester Bennington. “Os primeiros seis anos de carreira nós lançamos dois álbuns que demoraram dois anos para serem feitos, e ficamos na estrada durante 4 anos. É muito tempo para duas gravações.”

Determinado a deixar isso de lado, Bennington, o rapper Mike Shinoda e guitarrista Brad Delson escreveram músicas enquanto fazia turnê com seus companheiros de banda Rob Bourdon (bateria), Dave “Phoenix” Farrell (baixo) e Joe Hahn (turntables/teclado). Eles seguiram direto da estrada para o estúdio, trabalhando novamente com o produtor Rick Rubin, para o álbum de 2007, Minutes to Midnight. A banda emergiu alguns anos mais tarde com Living Things, uma coleção que mostra o experimentalismo de seus mais recentes trabalhos com o peso dos primeiros álbuns. O resultado é o álbum mais completo que a banda fez.

“Essa é a grande representação de todos os sons do Linkin Park em um álbum,” Bennington diz. “Agora nós sabemos como sermos pesados sem soar como a melhor banda de heavy metal de todos os tempos. Nós encontramos uma maneira de incluir elementos eletrônicos sem ficar muito dance ou pop – e nós encontramos maneiras de escrever boas músicas de rock que tem uma pegada mais ousada e voltada ao eletrônico.”

O que explica esse som mais amplo?
Nós descobrimos como escrever qualquer tipo de música que queremos e fazer soar como Linkin Park. Nós sabemos o que nós não gostamos, sabemos o que fazer—e como fazê-la funcionar em conjunto. O que nós fizemos nesse álbum é capturar a energia e a emoção dos primeiros dois álbuns. Há muito que trocar entre Mike e eu, há muito mais o hip-hop neste disco do que nós tivemos nos últimos dois. Mas nós também mantivemos o talento criativo. Usamos todas as ferramentas na caixa de ferramentas.

Por que alcançar essas ferramentas agora?
Com Minutes to Midnight, nós queríamos andar em alguma coisa que soasse nu-metal, e queríamos desafiar a nós mesmos criativamente. Tínhamos chegado realmente a escrever boas músicas em uma maneira muito específica e tivemos que parar com isso. Esse foi um processo de aprendizagem. Nós mantivemos a bola criativa rolando em A Thousand Suns e experimentar sem se preocupar com a estrutura da música ou duração. Nós focamos em desafiar nós mesmos – puxando elementos eletrônicos para frente e empurrando as guitarras pesadas de volta, e encontrando maneiras de ser pesados sem ser metal. Agora que sabemos como fazer isso, nos sentimos mais confortáveis puxando tudo junto nesse álbum.

Como foi a mudança do processo de composição neste disco?
Algo que era diferente para esse álbum foi que voltou à forma como escrevemos os dois primeiros—que quer dizer Mike, Brad e eu trabalhamos a maior parte dela. Todo mundo entra, fala sobre a direção do álbum, as músicas que eles gostam e músicas que estão trabalhando — e, em seguida, nós três voltamos para o estúdio e fazemos as coisas acontecerem. Isso tornou o processo muito eficiente e nos manteve em um caminho claro e criativo para que fossemos capazes de transformar este disco rápido e manter a qualidade que esperamos de nós mesmos.

Qual a sua visão para esse álbum?
Um monte de pessoas podem não entender como funciona o nosso processo criativo. Não é como nós dizemos, “Eu quero escrever uma música que tenha cordas, batidas e é sobre um relacionamento onde alguém está aprendendo a se libertar. Agora vamos fazer isso acontecer.” Não funciona dessa maneira. Nós não premeditamos o que a música ou um álbum irá soar. É uma experiência muito natural. Nós puxamos as coisas a partir do éter e corremos com uma idéia que apareça em nossas mentes. A única coisa que realmente conversamos foi sobre fazer com que cada canção tivesse toneladas de energia.

Por que isso é tão importante?
Com o A Thousand Suns e Minutes to Midnight, há muitas músicas grandes e calmas — mas quando você tem uma meia hora de músicas mais calmas, elas trazem para baixo a energia da performance ao vivo. Quando as pessoas vão aos shows para nos ver tocar, elas querem muita energia. Nós procuramos ter certeza que o álbum todo fosse realmente excitante para ouvir. Eu penso que isso fará as pessoas relembrarem a alta energia de álbuns como Hybrid Theory e Meteora.

Como fez o A Thousand Suns e Minutes to Midnight se tornar tão conceitual?
A Thousand Suns foi realmente um acidente. Nós conversamos sobre fazer um álbum conceitual, mas a ideia de realmente escrever sobre um tema específico matou o processo criativo. E por qualquer motivo que acabou se tornando inspirado a escrever músicas que tinham temas sociais e políticos. Tocamos com todos os diferentes tipos de arranjos para as músicas, e quando colocá-las em uma ordem particular, parecia que estávamos contando uma história. De repente, percebemos que havíamos escrito um álbum conceitual.

Então sobre o que é esse álbum?
Os últimos dois álbuns, especialmente A Thousand Suns, não foi tanto sobre as relações pessoais como nossas relações com a sociedade e o lado humano de um mundo perigoso. Agora estamos mais focados em relações pessoais, íntimas entre pessoas.

Como foi a sua abordagem para que essas relações mudassem?
Com a idade vem a sabedoria e uma perspectiva diferente. Quando eu era jovem as coisas pareciam acontecer comigo. você sabe, “Como você pôde fazer isso comigo?” esse tipo de coisa. Foi uma perspectiva muito egoísta, mas você não sabe nada melhor. Quando você é jovem todas as coisas são sobre você. Quando fica mais velho, você percebe que isso não é tão importante assim. Você percebe que todas as coisas que você pensava que estão te fazendo feliz não são realmente as coisas que te fazem feliz. Sua perspectiva muda, e que mudou a maneira que Mike e eu escrevemos essas músicas. Pegue uma música como a “Castle of Glass,” se nós tivéssemos escrito há 10 anos atrás, ao invés de dizer coisas como, “I’m only a crack in this castle of glass. There’s nothing there for you to see,” (Eu somente sou uma rachadura nesse castelo de vidro, não há nada aqui para você ver) provavelmente seria, “I’m the castle of glass and you broke me.”(Eu sou um castelo de vrido e você me quebrou) [risos] “I was clean and perfect, and you chipped me. You made me broken.” (Eu fui limpo e perfeito, e você me partiu. Você me quebrou.) Agora seria, “You know what? I am flawed and I am broken, but I recognize that I’m part of something that’s bigger than me and I’m not sure how I feel about that” (Você quer saber? Eu falhei e estou quebrado, mas eu reconheço que sou parte de algo que é maior que eu e não estou certo sobre o que é isso). Há muita perspectiva diferente nisso.

Como os fãs reagiram a essa mudança?
Nós descobriremos. Nossos fãs têm crescido conosco também, mas também estamos a escrever coisas que um garoto de 15 anos pode se relacionar. Por isso é que é bom ter dois vocalistas e dois letristas na banda: Nós atacamos cada música de duas perspectivas completamente diferente. Além disso, não sentamos e escrevemos as músicas e dizemos, “Aqui estão elas, é pegar ou largar.” Nós encorajamos todo mundo na banda a pesar sobre as letras também. Portanto, agora temos seis ou sete perspectivas atacando uma música, e todos nós estamos ouvindo a música de uma forma diferente e que nos ajuda a escrever músicas que apelam a uma grande variedade de pessoas.

Fonte: Mike Shinoda Clan/M Music & Musicians Magazine.