A MTV.com fez sua resenha do novo álbum da banda “A Thousand Suns”. Veja a abaixo a sensação que eles tiveram:
Segundo a lenda, em agosto de 2000, um grupo de executivos da Capitol Records estavam claramente aterrorizados. Eles estavam com fones de ouvido, andando em várias vans sem marca e dirigindo em direção ao Pacific Coast Highway. Lá eles ouviram o Kid A, do Radiohead, pela primeira vez. Foi uma inspiração – para não mencionar particularmente.
Eu só mencionei isso porque, em agosto de 2010 um publicitário descontraído da Warner Bros se sentou em meu escritório e me permitiu ser um dos primeiros a ouvir o A Thousand Suns, do Linkin Park. Não usei usaram fones de ouvido ou vans sem marcas, nem nada do tipo – cortes orçamentais, eu acho – apenas um café gelado e um bloco de notas. Eu estava um pouco envergonha, porque se alguma vez você ouvir um álbum que merece um tratamento como o do Radiohead, você está tendo uma honra. Assim que você ouvir nas próximas semanas você ir notar que o A Thousand Suns é definitivamente o ‘Kid A’ do Linkin Park.
Talvez não tecnicamente, mas pelo menos espiritualmente. Como o Kid A, o A Thousand Suns é um álbum de ambição e tem um grande alcance, um esforço sem medo que leva uma banda a lugares que nunca foram: escuros e destruídos, altos e (em algumas partes) à lugares mais pesados também. Como o Kid A, que é completamente diferente dos trabalhos anteriores da banda, que quase certamente irá ser como a linha de demarcação, entre tudo que veio antes e tudo o que virá depois. E, assim como o Kid A, não é um álbum com apenas um monte de guitarras.
Em vez disso, o A Thousand Suns é cheio de elementos eletrônicos sinistros, percussão incrível e um ranger inabalável, uma irredutível tensão pós-milenar. A última novidade da banda, o Minutes to Midnight, de 2007, trata da política de George W. Bush e a tragédia do Furacão Katrina. Mas aqui, eles têm o álbum inteiro mergulhado em uma espessa camada de pavor. É uma transição destacada no refrão repetido de “God bless us every one/ We’re a broken people living under loaded gun,” que primeiramente é ouvido na abertura de “The Requiem” e mais tarde no primeiro single, o “The Catalyst.” E em momentos como o começo os de “When They Come For Me,” quando grilos são gradualmente encobertos pelo som da artilharia, ou, mais notavelmente, no uso de gravações, dos discursos do cientista Robert Oppenheimer, do ativista político Mario Savio e de Martin Luther King Jr.
O álbum tem diversos discursos monolíticos – como a famosa citação de Oppenheimer sobre o Bhagavad Gita depois do primeiro experimento de uma bomba atômica em 1945. O que realmente o A Thousand Suns (o álbum leva o nome do discurso de Oppenheimer) está tentando dizer é que nenhum desses problemas, esses terrores ou esses fantasmas que estão nos assombram em 2010, são novos. Nós só ignoramos os avisos e agora pode ser tarde demais. E essa é outra razão que me lembra bastante o Kid A.
Mas aí as similaridades entre os álbuns acabam. Porque ao invés de esconder seus medos em um din claustrofóbico (como Radiohead fez), o Linkin Park fez a decisão consciente para de ir contra eles. Eles não estão afim de desistir sem lutar, e é nesses momentos – o poderoso rugido de Waiting for the End, a estrondosa “Blackout” (o melhor momento de Chester Bennington no álbum) e a cheia de poder “Wretches and Kings” –O mais notável é “Iridescent”, que começa com piano, e depois vai para as guitarras (sim, elas existem no álbum) e explode num refrão agitado de “Remember all the sadness and frustration/ And let go.”
Isso tudo termina no violão, de “The Messenger”, que apresenta Bennington com força total e que chega aos versos: “When life leaves us blind / Loves keeps us kind”. Talvez essa seja a verdadeira mensagem do álbum: não importa o quão longe as coisas podem ir, a humanidade ainda pode ser salva. O que nos separa da máquina é a nossa capacidade de amar, e apesar de todas as evidências contra isso, ainda vale acreditar em certas coisas. Tudo isso pode parecer maluco, porém o Linkin Park parece insano o suficiente para acreditar nisso. E eles querem você faça o mesmo. Depois de tudo, nesse ponto, é sobre tudo que deixamos.
O A Thousand Suns pode parecer obscuro, imenso, ambicioso e uma virada brusca no jogo, mas uma coisa tenha certeza: ele é otimista.
Creditos:LPA